Dom
Reginaldo Andrietta, Bispo Diocesano de Jales
Os
graves problemas sociais do mundo teriam sido superados se os
“Objetivos do Milênioâ€, decididos, conjuntamente, por 191
nações, no ano 2000, tivessem sido implementados. Eram oito
objetivos: acabar com a fome e a miséria; educação básica de
qualidade para todos; igualdade de direitos entre sexos e autonomia
das mulheres; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde das
gestantes; combater a aids, a malária e outras doenças;
sustentabilidade ambiental; e parceria mundial pelo desenvolvimento.
Novos
compromissos foram feitos em 2015: “Nós
resolvemos, entre agora e 2030, acabar com a pobreza e a fome em
todos os lugares; combater as desigualdades nos e entre paÃses;
construir sociedades pacÃficas, justas e inclusivas; proteger os
direitos humanos e promover a igualdade de gênero e o empoderamento
das mulheres e meninas; e assegurar a proteção duradoura do planeta
e seus recursos naturais. Resolvemos também criar condições para
um crescimento inclusivo e economicamente sustentado, prosperidade
compartilhada e trabalho decente para todosâ€.
Essa
declaração dos Chefes de Estado de 169 nações, incluindo o
Brasil, conhecida como “Agenda 2030â€, poderá ter novamente,
poucos efeitos, fazendo jus ao ditado popular: “de boas intenções
o inferno está cheioâ€. O Brasil, apesar de ter avançado nos
primeiros quinze anos deste novo milênio, na direção de um pais
socialmente sustentável, passa agora, por momentos dramáticos,
camuflados pela grande mÃdia, no estilo até mesmo de fake
news
(falsas notÃcias).
Governantes,
indivÃduos e grupos inescrupulosos utilizam poderes midiáticos para
manipular consciências, incidindo de modo negativo na vida polÃtica.
Por isso, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em sua
mensagem de 17 de abril deste ano, em sintonia com a mensagem do Papa
Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado
este ano, no dia 13 de maio, alerta
“para o cuidado com fake
news já presentes
nesse perÃodo pré-eleitoral, com tendência a se proliferarem, em
ocasião das eleições, causando graves prejuÃzos à democraciaâ€.
Esses
problemas desafiam todas as pessoas de bem, particularmente os
cristãos, a quem Cristo confiou a missão de expandir seu Reino de
justiça. Esses desafios necessitam ser tomados em conta, de modo
especial na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que se
realiza este ano entre 13 e 20 de maio, com o lema: “A mão de Deus
nos une e liberta†(Ex 15,1-21).
Conforme
o Livro do Êxodo, os hebreus, escravos no Egito, estimulados pela
fé, se uniram, se organizaram, conquistaram sua libertação e
construÃram um sistema social solidário. Cristo, inspirador de
nossa fé libertadora, nos estimula, hoje, a atuar de modo igualmente
organizado, para que as intencionalidades polÃticas positivas, tais
quais expressas na “Agenda 2030â€, sejam realmente implementadas,
não dependendo, portanto, de governantes hipócritas.
A
advertência de Cristo a respeito dos “mestres da Lei e fariseusâ€
é válida, então, com relação a muitos governantes e lÃderes
polÃticos fingidos: “eles
falam e não praticam†(Mt 23,3). Cristo nos alerta a tomar cuidado
com essas falsas lideranças (cf. Lc 12,1). Tomemos cuidado sobretudo
nas eleições, unindo-nos ao Papa Francisco que, em sua Exortação
Apostólica Alegria do Evangelho, nº 205, suplica a Deus por
polÃticos que assumam pra valer a vida dos pobres.
Jales,
10 de maio de 2018.