Amanhã, entrarei em sala de aula e usarei os primeiros 15 minutos com cada turma para discutir a espiral do arbÃtrio que ameaça a universidade brasileira. Convido todos os colegas a fazer ao mesmo, ao longo desta semana.
Estamos sob ataque há muito tempo, mas a situação se agravou com a decisão do Ministério Público, no final da semana passada. O reitor da UFSC e seu chefe de gabinete foram denunciados, ameaçados de até oito meses de prisão, por não terem reprimido manifestações, na universidade, contra o abuso de autoridade da PolÃcia Federal, que levou à morte do então reitor Luiz Carlos Cancellier.
Trata-se da definição do Estado policial: o abuso de autoridade ocorre e não pode sequer ser contestado.
No caso da UFSC, como bem lembrou Carlos Damião, há talvez também uma espécie de vendetta da PF. É possÃvel que o motivo da deflagração da Operação Ouvidos Moucos não tenha sido a suspeita, que a investigação policial não conseguiu comprovar minimamente, de desvio de verbas na educação à distância - e sim a resistência da universidade à truculência policial. Em 2014, o campus foi invadido pela polÃcia, pretensamente para reprimir o consumo de maconha por alguns estudantes. Os professores que tentaram mediar a situação e evitar o agravamento do conflito, Paulo Pinheiro Machado e Sonia W Maluf, estão sendo processados sob o pretexto ridÃculo de incitar violência contra a autoridade policial. (Para maiores informações: https://anpuh.org.br/…/2911-nota-de-solidariedade-ao-histor….)
Em tempos de ódio ao pensamento crÃtico, corte de verbas, criminalização da gestão universitária, violência policial e perseguição jurÃdica, é preciso organizar nossa resistência. Enquanto nossas entidades (Andes, Andifes, CRUB, UNE) não coordenam uma resposta mais firme, temos que começar a nos mexer. Por isso estou propondo, junto com outros colegas, que todos os professores dediquem o inÃcio de suas aulas, nesta semana, a expor, denunciar e discutir a escalada do arbÃtrio na UFSC.