Por Dom Reginaldo Andrietta
A população brasileira está ansiosa por dias melhores. As insatisfações com a gestão pública,
especialmente federal, se acumulam.
A reprovação popular ao atual governo é altÃssima. Alguns
setores demandam soluções antidemocráticas. Por isso, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), em sua Mensagem ao Povo Brasileiro, no último dia 17 de abril, lançou um apelo ao bom
senso, afirmando a importância da normalidade democrática para superar a crise institucional
vigente, portanto, eleições diretas e limpas.
A CNBB diz que “é imperativo assegurar que as eleições sejam realizadas dentro dos princÃpios
democráticos e éticos para que se restabeleçam a confiança e a esperança tão abaladas do povo
brasileiroâ€.
É evidente que as eleições, por si só, não garantirão novos rumos ao paÃs, sobretudo se
a classe trabalhadora se tornar menos ainda representada no Congresso Nacional. Por isso, os
cidadãos, especialmente da classe trabalhadora, têm o desafio de participar nessas eleições,
conscientes das implicações de suas escolhas.
Mas, restam preocupações. Além do desconhecimento da população sobre os reais propósitos e
compromissos dos partidos polÃticos e seus candidatos, as eleições parecem resumir-se ao
executivo.
O legislativo, no entanto, é de suma importância, sobretudo o Congresso Nacional. Por
isso, diversas organizações democráticas lançaram uma grande mobilização nacional chamada “Um
Novo Congressoâ€, que está alertando os cidadãos sobre a importância de estarem atentos, também,
aos candidatos a deputados e senadores.
“Nosso horizonte é a Constituição de 1988â€, diz seu manifesto, compreendendo por isso “um Brasil
justo, igualitário, democrático e respeitoso dos direitos humanosâ€, bem como “um governo ético e
não de oportunistas gananciosos; uma administração pública avessa à corrupção; polÃticas públicas
visando elevar os nÃveis de vida e de participação das grandes maiorias, de exercÃcio da iniciativa e
da soberania popular nas decisões, de proteção de nossos recursos naturais e de inserção soberana
no concerto das naçõesâ€.
A soberania do paÃs está realmente em questão. O governo atual, respaldado pela maioria dos
congressistas, submeteu o paÃs aos interesses de grandes grupos econômicos. A privatização de
setores estratégicos da economia, em favor de empresas estrangeiras, são exemplos desse
“entreguismoâ€. A adoção de juros elevados e a redução de dinheiro em circulação, afetam
negativamente a produção, o consumo, o emprego e as polÃticas sociais.
Os recursos supostamente
economizados são canalizados ao setor financeiro.
Para quê? Para pagar a dÃvida pública. Como?
O Estado entrega tÃtulos da dÃvida pública a seus
credores, especialmente bancos estrangeiros, pagando-lhes juros sobre juros. Isso é o mesmo que
usar um cartão de crédito para cobrir outro cartão de crédito. Essa dÃvida representa este ano 87%
do Produto Interno Bruto e 45% do orçamento da Nação. Isso é um absurdo para um paÃs com
enorme necessidade de desenvolvimento econômico e social.
Como mudar esse mecanismo perverso? A “Auditoria Cidadã da DÃvida Pública†é um primeiro
passo.
O Congresso atual resiste em fazê-la. Um “Novo Congressoâ€, comprometido com um Brasil
verdadeiramente democrático, poderá afrontar esse e outros desafios. Como conseguir esse
Congresso e novos rumos para o paÃs? Haveria melhor opção do que escolher candidatos que
realmente lutam em favor da classe trabalhadora, cobrar coerência em suas atuações e orar para
que Deus nos mantenha fiéis nessa mesma luta?
Jales, 14 de junho de 2018