Essa questão adquire ainda mais importância pelo fato de nossa cultura ser tida
como cristã, tornando inconcebÃvel, especialmente, aos cristãos, sermos omissos frente aos
mecanismos que geram e alimentam a cultura da violência. A lista enorme dos que estão sendo assassinados neste paÃs, por lutarem em prol de justiça e paz,
aumenta rapidamente. Pudera! A realidade polÃtica atual favorece.
Poderes econômicos, geradores
e aproveitadores dessa situação, além de utilizarem favores do Estado, se associam à força das
armas para garantirem a lucratividade de seus negócios. Essa “guerra†tem seu componente
ideológico, alimentado pela mÃdia burguesa inescrupulosa.
A condenação feita a pessoas que doam suas vidas em defesa da vida, tornou-se muito comum.
Acusam-nas de tudo o que é negativo e falso, para descredibilizá-las. Muitos se deixam envolver
ideologicamente, reproduzindo pelas redes sociais, notÃcias distorcidas e comentários
manipuladores que tornam réus os que são vÃtimas.
Por isso, frente a tudo que nos chega de
informação e à facilidade de compartilhamento, “todo cuidado é poucoâ€.
Se Deus é realmente brasileiro, como diz o adágio popular, estaria ele, então, mudando de
nacionalidade e nos deserdando? Não! Ao contrário. Agora, sim, ele se apresenta muito mais
brasileiro, tanto quanto SÃrio ou onde mais há guerras, encarnado nos “marcados para morrerâ€, mas
destinados à vitória, afinal o bem sempre vence o mal.
Em Cristo, nosso Deus, historicamente
encarnado e atuante, a vida continuará vencendo a morte.
No entanto, a escolha pela vida é nossa. O cortejo da vida, do Domingo de Ramos, e o cortejo da
morte, da Sexta-feira da Paixão, são significativos pelo contraste: a entrada triunfal de Jesus em
Jerusalém; posteriormente, sua crucificação.
Num dia ele é aclamado, no outro é martirizado.
Vivemos, também, a experiência desses dois cortejos. Num dia amamos, no outro nos deixamos
invadir pelo ódio.
Seria possÃvel mudar essa alternância de modo definitivo, em direção à plenitude do amor? Jesus
nos dá a resposta. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim†(Jo 13,1). No
abandono total, na cruz, ele apela ao Pai, recebendo a ressurreição como resposta, a qual nos dá a
possibilidade de vencer, igualmente, o mal e a morte.
Qual resposta nos compete, também, dar?
Deus nos criou livres. Temos a possibilidade de escolher entre a vida e a morte.
Na dificuldade de
discernimento e escolha, o livro do Deuteronômio, capÃtulo 30, apresenta “a vida e a felicidade, a
morte e a infelicidade†e sugere: “escolhe, pois, a vidaâ€.
Escolher a vida implica escolher o amor,
sabendo que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos†(Jo 15,13).
Jesus assim o disse e o viveu até o fim de suas forças, testemunhando a possibilidade da vitória da
justiça sobre a opressão, do respeito sobre a intolerância, do perdão sobre a vingança, da paz sobre
a violência, finalmente, da vida sobre a morte.
Em Cristo, encontramos a possibilidade de percorrer
um caminho novo. Compete a cada um de nós a opção entre o cortejo da violência e da morte, e o
cortejo da paz e da vida.
Que nossa escolha seja sábia!
Jales, 21 de março de 2018.