Quando se pergunta à população brasileira, em uma pesquisa
de opinião, qual seria o problema fundamental do Brasil, a maioria
indica a precariedade da educação. Os entrevistados costumam apontar que
o sistema educacional brasileiro não é capaz de preparar os jovens para
a compreensão de textos simples, elaboração de cálculos aritméticos de
operações básicas, conhecimento elementar de fÃsica e quÃmica, e outros
fornecidos pelas escolas fundamentais.
Esses conhecimentos são testados em pesquisas internacionais como o
PISA (Programme for International Student Assessment) da OCDE –
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico e coordenado no
Brasil pelo INEP - Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais AnÃsio
Teixeira.
No PISA os paÃses asiáticos estão apresentando os melhores
resultados, possivelmente diante do valor atribuÃdo à educação por
influência de nomes como o filósofo Confúcio, que não se restringe ao
conhecimento formal, enquanto o Brasil não apresenta resultados
satisfatórios.
Certa vez, participava de uma reunião de pais e professores em uma
escola privada brasileira de destaque e notei que muitos pais
expressavam o desejo de ter bons professores, salas de aula com poucos
alunos, mas não se sentiam responsáveis para participarem ativamente das
atividades educacionais, inclusive custeando os seus serviços. Se os
pais não conseguiam entender que esta aritmética não fecha e que a sua
aspiração estaria no campo do milagre, parece difÃcil que consigam
transmitir aos seus filhos o mÃnimo de educação.
Para eles, a educação dos filhos não se baseia no aprendizado dos exemplos dados pelos pais.
Que esta educação seja prioritária e ajude a resolver os outros
problemas de uma sociedade como a brasileira parece lógico. No entanto,
não se pode pensar que a sua deficiência depende somente das
autoridades. Ela começa com os próprios pais, que não podem simplesmente
terceirizar esta responsabilidade.
Para que haja uma mudança neste quadro é preciso que a sociedade como
um todo esteja convencida que todos precisam contribuir para tanto,
inclusive elegendo representantes que partilhem desta convicção e não
estejam pensando somente nos seus benefÃcios pessoais.
Sobre a educação formal, aquela que pode ser conseguida nos muitos
cursos que estão se tornando disponÃveis no Brasil, nota-se que muitos
estão se convencendo que eles ajudam na sua ascensão social, mesmo sendo
precários. O número daqueles que trabalham para obter o seu sustento e
ajudar a sua famÃlia, e ao mesmo tempo se dispõe a fazer um sacrifÃcio
adicional frequentando cursos até noturnos, parece estar aumentando.
A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades para o bom
exercÃcio da profissão está em alta. É tratada como prioridade tanto no
governo como em instituições representativas das empresas. O mercado
observa a carência de pessoal qualificado para elevar a eficiência do
trabalho.
Muitos reconhecem que o Brasil é um dos paÃses emergentes que estão
melhorando, a duras penas, a sua distribuição de renda. Mas, para que
este processo de melhoria do bem estar da população seja sustentável, há
que se conseguir um aumento da produtividade do trabalho, que permita
também o aumento da parcela da renda destinada à poupança, que vai
sustentar os investimentos indispensáveis.
A população que deseja melhores serviços das autoridades precisa ter a
consciência de que uma boa educação, não necessariamente formal, é
fundamental para atender melhor as suas aspirações.